Em alguns períodos, o bebê fica irritado, dorme pouco e não aceita outra pessoa que não seja a mãe. Muitos podem pensar que é birra. Mas, em geral, são as chamadas crises do desenvolvimento, que duram em média 15 dias. "Elas são importantes, pois, dependendo de como se trabalha com ela, a criança pode crescer ou regredir", aponta Leonardo Posternak, pediatra e membro da Comissão de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Pediatria.
É importante que os pais estejam preparados para não confundi-las com alguma doença e medicar o bebê sem necessidade. "A manifestação clínica é sempre a mesma. Ele chora sem motivo, apresenta alterações do apetite, do sono e dependência absoluta da mãe", explica o pediatra. Segundo ele, as três crises mais importantes do bebê são:
Fim da simbiose – Acontece entre o terceiro e quarto mês. "Ele ainda não reconhece a mãe, mas percebe que precisa de outra pessoa para ser cuidado", explica.
Angústia da separação – Ocorre entre o sétimo e o nono mês e é a mais intensa. "Ele percebe pela primeira vez que é um indivíduo e a mãe é outro", aponta. Assim, o bebê tem a fantasia de que pode perder a mãe a qualquer momento. Acordar diversas vezes é o sintoma mais forte, e ele só se acalma com a presença da mãe. Mães que trabalham fora costumam se culpar, mas isso é um mito. "Nessas horas, não ofereça alimento, pois ele vai se habituar a comer quando a questão é outra", alerta o pediatra.
Ambivalência – Quando ele começa a andar, com mais ou menos um ano. "O bebê se encanta com a independência, mas tem medo pela suposta perda da dependência", diz. É comum que o bebê caminhe, olhe para os pais e peça colo.
Para Mariângela Mendes de Almeida, coordenadora do núcleo de atendimento a pais e bebês do setor de saúde mental do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o importante é que o bebê se sinta acolhido.
Segundo ela, os pais devem evitar ficar ansiosos. "Isso vai ensiná-lo a se acalmar", aconselha.